Enfermagem FOC

Enfermagem FOC
Enfermagem Faculdades Oswaldo Cruz - Compondo uma Nova História do Cuidar

terça-feira, 28 de maio de 2013

Avaliação da satisfação, rapidez, resolutividade no Acesso ao Sistema Único de Saúde (S.U.S.), através de pesquisa realizada em uma Instituição de Ensino Superior em São Paulo-SP (2012).

 ARETE SAUDE HUMANA Ano 1, Vol.1 Abril/Maio/Junho., Série  28/05, 2013, p.05


      Unidade de Investigação do Curso de Enfermagem das Faculdades Oswaldo Cruz -São Paulo -SP
        enfermagem@oswaldocruz.br
         Autores:
    Vanessa  V. Hornink;Thamyres R.O. de Sousa; Rilkaelle G.M. Cerqueira; Fábio L. de Campos; Taís C. Pereira; Tatiane Santos

Orientação: Profª MS Lylian Moreno Piquera
                         Prof. MS Eric Boragan Gugliano

1.     RESUMO
Historicamente, o contexto das Políticas Públicas em Saúde no Brasil sempre foram  ineficientes. A implantação do SUS foi um avanço em política social por obedecer  os  seguintes princípios: universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; integralidade de assistência; igualdade de assistência; participação da comunidade; descentralização político-administrativa; regionalização; hierarquização e resolutividade. No início de sua implantação o  apresentava baixo nível de qualidade e resolubilidade, herança do modelo previdenciário. Com a implantação da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS - Humaniza SUS (PNH)  começa a ser  verificado pelos usuários a existência de uma atitude positiva diante do sistema. O objetivo desse trabalho é mostrar a satisfação, rapidez, resolutividade e utilização dos serviços do S.U.S., através de pesquisas realizadas em uma Instituição de Ensino Superior em São Paulo-SP. Podemos perceber que muitos conhecem o Sistema único de Saúde (SUS), porém  não o utilizam por acreditarem que não há um atendimento adequado. De acordo com os resultados apontados nos gráficos e tabelas, a maioria utiliza o sistema de saúde, entrevistados entre 15 a 21 anos e mulheres utilizaram mais o SUS, postos de saúde para consultas e vacinação são os serviços mais procurados.  Dentre os entrevistados aqueles que passaram por internação cirúrgica ficaram extremamente satisfeitos, mas ainda há uma grande lista de espera para consultas e exames que segundo eles deixa a desejar.  

2.     INTRODUÇÃO
Historicamente, o contexto das Políticas Públicas em Saúde no Brasil sempre foram  ineficientes. A saúde era tida como clientelista, sendo beneficiados somente os que podiam pagar muito por um atendimento médico. Classes sociais menos favorecidas, eram tratadas por curandeiros e curiosos. O perfil epidemiológico das doenças na época era caracterizado por doenças infecciosas transmissíveis e sexuais em sua grande maioria. A expectativa de vida era baixa, pois não havia condições necessárias para sobrevivência.
As medidas de saúde pública adotadas no período colonial eram voltadas para as condições que afetavam a produção econômica e o comércio internacional e incluíam: saneamento dos portos de escoamento de mercadorias, a urbanização e infraestrutura de centros urbanos muito insalubres e campanhas voltadas para a diminuição de epidemias que prejudicavam a imagem do Brasil.(ZENAIDE,2011)
A primeira modalidade de seguro para trabalhadores do setor privado data de 1923, a Caixa de Aposentadorias e Pensões (CAPs), organizadas por empresas, por meio de um contrato compulsório e sob a forma de contributiva, tinham como função a prestação de benefícios (pensões e aposentadorias) e a assistência médica a seus filiados e dependentes. Em 24 de janeiro de 1923 o decreto n° 4.682 instituiu a criação das CAPs nas empresas de estradas de ferro, tendo sido posteriormente estendida às demais. Durante o período de 1933 a 1938 as CAPs são unificadas e absorvidas pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões, que vão congregando os trabalhadores por categorias profissionais. Em 1933 é criado o IAPM (dos marítimos), em 1934 o IAPC (dos comerciários) e o IAPB (dos bancários), em 1936 o IAPI (dos industriários), que começa a funcionar somente em 1938, e nesse ano o IAPETC (dos trabalhadores em transporte e cargas).Os Institutos agora são de caráter nacional, segmentando os trabalhadores por inserção nos diferentes setores de atividade. Diferenciando-se das CAPs pela presença direta do Estado na sua administração. É adotado então um regime de capitalização, concebido para fazer frente à crescente insuficiência da receita, esse regime considerava os recursos dos IAPs recursos de capital, de modo que cada patrimônio deveria expandir-se mediante investimentos. Drenando-se assim os recursos para financiamento de empreendimentos econômicos estratégicos para a industrialização do país, como exemplos a Companhia Siderúrgica Nacional, a Petrobrás, e até a construção de Brasília, demonstrando que rapidamente a política de Previdência Social converteu-se num mecanismo de captação dos recursos dos trabalhadores para investimentos cuja orientação escapava inteiramente ao seu controle. ( COHN,2005)
Antes do SUS, a atuação do Ministério da Saúde se resumia as atividades de promoção de saúde e prevenção de doenças (por exemplo: vacinação), e a assistência médico –hospitalar para poucas doenças. O INAMPS foi criado pelo regime militar em 1974 pelo desmembramento do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que hoje é o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS); era uma autarquia filiada ao Ministério da Previdência e Assistência Social (hoje Ministério da Previdência Social), e tinha a finalidade de prestar atendimento médico aos que contribuíam com a previdência social, ou seja, aos empregados de carteira assinada. Em meados da década de 70 ocorreu uma crise do financiamento da previdência social, com repercussões no INAMPS. Ao longo da década de 1980 o INAMPS passaria por sucessivas mudanças com universalização progressiva do atendimento, já numa transição com o SUS. A 8ª Conferência Nacional de Saúde foi um marco na história do SUS  que resultou na implantação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), um convênio entre o INAMPS e os governos estaduais, mas o mais importante foi ter formado as bases para a seção "Da Saúde" da Constituição brasileira de 5 de outubro de 1988. A implantação do SUS foi realizada de forma gradual: primeiro veio o SUDS; depois, a incorporação do INAMPS ao Ministério da Saúde (Decreto nº 99.060, de 7 de março de 1990); e por fim a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990) fundou o SUS. Em poucos meses foi lançada a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que imprimiu ao SUS uma de suas principais características: o controle social, ou seja, a participação dos usuários (população) na gestão do serviço. O INAMPS só foi extinto em 27 de julho de 1993 pela Lei nº 8.689 ( BRASIL,Minist. da saúde,2006).
O SUS tem como função realizar ações de promoção de saúde, vigilância em saúde, controle de vetores e educação sanitária, além de assegurar a continuidade do cuidado nos níveis primário, ambulatorial especializado e hospitalar obedecendo aos seguintes princípios: universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; integralidade de assistência; igualdade de assistência; participação da comunidade; descentralização político-administrativa; regionalização; hierarquização e resolutividade. A partir do princípio da universalidade, a saúde passou a ser considerada direito de todos e dever do Estado e, assim, os indivíduos adquiriram o direito de ter acesso às ações e serviços de saúde como, por exemplo, consultas, exames, tratamentos e internações nas instituições de saúde, sejam elas públicas ou privadas conveniadas ao sistema. No entanto, a televisão apresenta constantemente uma imagem de caos na saúde através de mortes na porta de hospitais, pessoas que ficam sem diagnóstico rápido e adequado por demora no atendimento ou por falta de exames e outras não têm acesso a medicações, dentre outras imagens veiculadas pela mídia. Ela divulga todos os dias um sistema falido que se encontra em condições precárias e sem capacidade de atender às demandas da população ( de PONTES,2010)
A despeito destas questões, o SUS, ao longo da década de 90, foi considerado excludente pelos significativos obstáculos impostos para a sua efetivação observado pelo baixo nível de qualidade e resolubilidade, herança do modelo previdenciário.   Surge então, em meados da década de 90, o acolhimento, que ganha o discurso de inclusão social em defesa do SUS, que apontava para as dificuldades enfrentadas pelo SUS e sua incompatibilidade com o modelo econômico vigente, caracterizado pelo autoritarismo, clientelismo, exclusão e dificuldade de organização social com o aumento das iniquidades sociais. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS - Humaniza SUS (PNH) . (MITRE,2012)
Em pesquisa sobre satisfação na utilização do SUS em hospital federal geral de grande porte, localizado na cidade do Rio de Janeiro  é possível observar que os usuários se reportam significativamente aos princípios do SUS, principalmente ao princípio de universalidade.  Foi possível verificar a existência de uma atitude positiva diante do sistema .  Frente a isto é possível observar uma satisfação com o atendimento encontrado, o que demonstra certo otimismo associado ao Sistema (de PONTES, 2010).
3.     OBJETIVOS
O  objetivo desse trabalho é mostrar a satisfação, rapidez, resolutividade e utilização dos serviços do S.U.S., através de pesquisas realizadas em uma Instituição de Ensino Superior em São Paulo-SP.

4.     METODOLOGIA
Trata-se de um estudo quantitativo feito em agosto de 2012 a partir de entrevistas (ANEXO A). Os dados foram coletados no campus e no entorno em Instituição de Ensino Superior, situado na zona oeste na cidade de São Paulo – SP. Foram feitas perguntas pautadas em relação ao Sistema Único de Saúde, para saber sobre o conhecimento, utilização, satisfação, rapidez e resolutividade. Os sujeitos estudados foram 45 pessoas , sendo  28 mulheres e 17 homens. Os resultados foram agrupados por escolaridade, gênero, idade e região em que reside.
5. RESULTADOS



              Grafico 1- Faixa etária  dos entrevistados. São Paulo, 2012.



                   Grafico 2- Utilização por regiões. São Paulo, 2012.

                  

 Grafico 3- Entrevistados que ja utilizaram os serviços do SUS. São Paulo, 2012.


          Grafico 4-Satisfação na utilização dos serviços SUS. São Paulo, 2012.


           Grafico 5-Distribuição quanto a utilização do SUS para si, familiares e amigos. São Paulo, 2012.
   



Grafico 6-  Serviços utilizados. São Paulo, 2012.




   Grafico 7-Entrevistados que consideraram o atendimento rapido. São Paulo, 2012.



      Grafico 8- Distribuição dos entrevistados que obtiveram resolutividade no atendimento. São Paulo, 2012

         

Tabela 1-Utilização por pessoas com ensino superior ou médio. São Paulo, 2012
Escolaridade
N
Utilizaram
(Frequência absoluta)
Utilizaram
(Frequência relativa)
Ensino médio
        21
             17
80%
Ensino Superior
        24
             2 4
100%





Tabela 2- Frequência de satisfação na utilização do S.U.S. por gênero. São Paulo, 2012.
Satisfação
Gênero
       
N

Utilizado
Satisfeito
(Frequência absoluta)
Satisfeito
(Frequência relativa)
Masculino
17
12
12
100%
Feminino
28
26
24
92.3%
De acordo com os resultados apontados nos gráficos e tabelas, a maioria utiliza o sistema de saúde, entrevistados entre 15 a 21 anos e mulheres utilizaram mais o SUS, postos de saúde para consultas e vacinação são os serviços mais procurados.

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos perceber que muitos conhecem o Sistema único de Saúde (SUS), porém  não o utilizam por acreditarem que não há um atendimento adequado. Dentre os entrevistados aqueles que passaram por internação cirúrgica ficaram extremamente satisfeitos, mas ainda há uma grande lista de espera para consultas e exames que segundo eles deixa a desejar.
O acesso aos serviços de saúde no Brasil melhorou consideravelmente após a criação do SUS. Na PNAD realizada em 1981, antes da criação do SUS, 8% dapopulação (9,2 milhões de pessoas) afirmava ter usado serviço de saúde.Na presente pesquisa realizada em 2012 em uma instituição superior, com 45 pessoas, 84,4% utilizam os serviços do S.U.S., esse aumento pode ser atribuído ao crescimento no tamanho da força de trabalho do setor da saúde e do número de unidades de atenção básica. (de Pontes,2010)
Ao longo do tempo o S.U.S. se aprimorou e criou diversos mecanismos de controle social, entre eles: a vacinação, campanhas de prevenções, distribuição de medicamentos e especialização dos profissionais da rede. Conseguindo assim a redução, pela metade, no número de crianças subnutridas, diminuindo nas ultimas três décadas a mortalidade infantil em cerca de 6,3% ao ano e aumentando a expectativa de vida em 10,6 anos. A mortalidade por doenças infecciosas decaiu de 23% do total de óbitos em 1970 para menos de 4% em 2007.(The Lancet,2011)
O Pacto pela Saúde e sua proposta de uma rede de serviços de saúde organizada com fundamentos na atenção básica, associados as recomendações da Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde, segundo as quais é essencial abordar as causas primordiais dos problemas de saúde, podem ajudar nessa conformação de modelos de atenção mais abrangentes, por mais que ainda seja necessário superar enormes dificuldades.  (The Lancet,2011)
          A preocupação com a qualidade da saúde pública extrapola o âmbito nacional e ganha força  na agenda dos 12 países da américa do sul . Durante a conferência mundial sobre determinantes sociais de saúde  organizado pela OMS no Brasil em outubro de 2011, a discussão exposta por 140 países e 60 ministros presentes no evento é que se capacite cinco estratégias de atuação do ministério da saúde concentradas em: adoção e manutenção de sistemas universais; determinação  social  da saúde e promoção; vigilância em saúde e trabalhadores da  saúde. Para otimizar a qualidade  do SUS  o controle social na gestão da saúde pública é essencial (RESK,2012)
Muitos livros e artigos contribuíram para a realização do trabalho e assim nos trouxe um conhecimento mais amplo sobre o S.U.S.

1.     FONTES CONSULTADAS

1-BRASIL.Ministério da Saúde. A construção do SUS: histórias da reforma sanitária e do progresso participativo. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa-Brasilia ,2006.
 2-Cohn,A., Elias,P.E.M.: Saúde no Brasil: políticas e organização de serviços. Cortez:CEDEC. São Paulo.2005

3- de Pontes,A.P.M.;Cesso,R.G.D; de Oliveira D.C.;Gomes, A.M.T.Facilidades de acesso reveladas pelos usuários do Sistema Único de Saúde. Rev. bras. enferm. vol.63 no.4 Brasília July/Aug. 2010

4- Mitre,S.M.; Andrade,E.I.G. ; Cotta,R.M.M. Avanços e desafios do acolhimento na operacionalização e qualificação do Sistema Único de Saúde na Atenção Primária: um resgate da produção bibliográfica do Brasil .Ciênc. saúde coletiva vol.17 no.8 Rio de Janeiro Aug. 2012

5-Resk,S.S. A saúde pública e o controle social. Revista Sociologia, abril 2012.

6- The Lancet-Saúde no Brasil, Londres. maio de 2011 .  (disponível em 31/08/09: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/revista_the_lancet.pdf)

7-Zenaide A N. SUS: Sistema único de Saúde- antecedentes, percurso, perspectivas e desafios. Martinari. São Paulo.2011.