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Enfermagem Faculdades Oswaldo Cruz - Compondo uma Nova História do Cuidar

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Artigo de Revisão: Empreendedorismo na Enfermagem

Aretê Saúde humana, Ano 3, Vol.3,, Jul/Ago/Set 2015,  Série 16/09   p.14

Empreendedorismo na Enfermagem
Ionara Martins Gouveia[1]


Palavras Chaves: enfermagem, empreendedorismo, profissão

Introdução
Ainda hoje, quando nos referimos à profissão de Enfermagem, vem-nos a lembrança da precursora da Enfermagem Moderna, Florence Nightingale, que tem uma forte notoriedade devido a grande influência que teve na Guerra da Crimeia ocorrida entre os anos de 1854 e 1856. Mas o que poucos sabem, é que houve também na história da Enfermagem uma figura de extrema importância, a chamada “Florence Negra” (1).
Mary Jane Grant Seacole, uma Enfermeira negra nascida no ano de 1805 na ilha da Jamaica, e que realizou grandes feitos dentro da profissão. Porém, devido ao preconceito da época, teve sua história resgatada somente no ano de 1973 por uma Enfermeira britânica (1).
O que chamou a atenção para que Mary Seacole fosse citada neste trabalho, é que ela é um grande exemplo de empreendedorismo dentro da Enfermagem, assunto pelo qual enfatizamos para a realização do trabalho.
De acordo com uma citação de Melo e Gomes, Mary Seacole era apaixonada por viagens, e com elas tinha o objetivo de trazer mercadorias para serem vendidas na Jamaica. Mais tarde, quando por determinação própria foi atuar também na Guerra da Crimeia, iniciou a construção do Hotel Britânico para abrigar os feridos da guerra. O Hotel possuía no térreo uma conveniência, onde Mary Seacole vendia produtos a fim de angariar capital para a compra de suprimentos para os enfermos (1).
Nesse trecho da historia, pudemos observar que o espírito empreendedor já estava presente em profissionais daquela época.
           A palavra empreendedorismo tem origem antiga, trata-se do verbo francês entreprendre, que significa fazer algo ou empreender. Etimologicamente: entre + pendre. Entre (do latim inter) designa espaço que vai de um lugar a outro, ação mútua, reciprocidade e interação. Pendre (do latim prehendere) significa tomar posse, utilizar, empregar, tomar uma atitude. Trezentos anos depois, o termo foi absorvido pelo Inglês. Em 1970, o irlandês (que viveu na França) Richard Cantillon, considerado por muitos o primeiro grande economista teórico, usou entrepreneur para designar uma pessoa que trabalhava por conta própria e tolerava o risco no intento de promover seu próprio bem-estar econômico. Outra definição da palavra foi elaborada no início do século XIX pelo economista francês Jean-Baptiste Say. Trata-se daquele que “transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento”. O autor faz uma citação em que o Merriam-Webster Dictionary define modernamente o empreendedor como alguém que organiza, administra e assume os riscos de um negócio ou empreendimento (2).
O empreendedorismo estimula a que os indivíduos gerem ensejos de criação, introduzindo inovações na maneira de administrar, provocando o surgimento de valores adicionais (3).
           Frente a estas definições, percebemos o quanto é importante formar profissionais para serem empreendedores, principalmente na profissão de Enfermagem, que possui um amplo campo de atuação. No mesmo sentido, diversos estudos foram realizados com o intuito de implementar disciplinas concernentes ao assunto e avaliar o perfil dos graduandos quanto ao empreendedorismo.
          Ainda hoje, nota-se que o profissional Enfermeiro tem uma invisibilidade em meio à sociedade, pois muitos relacionam este profissional como sendo preparados somente para exercer as práticas de cuidado, e muitos até os relacionam como sendo “assistentes de médicos” (4).
Devido ao amplo campo de atuação para os profissionais Enfermeiros, é possível que estes exerçam funções que não estão totalmente relacionadas às práticas de cuidado, mas é possibilitado aos Enfermeiros terem uma atuação empreendedora, como a realização de atividades que promovam serviços e produtos de qualidade para a melhoria da assistência para as práticas de Enfermagem (5).
        Objetivo
           Descrever estudos que abordam o tema empreendedorismo relacionado à Enfermagem.

Metodologia

           Foi realizada uma revisão bibliográfica realizada por alunas de uma Instituição Privada da cidade de São Paulo, sobre o tema “Empreendedorismo na Enfermagem”.
Um artigo disponível no site da ABEn Nacional (Associação Brasileira de Enfermagem),  tratando da historia de Mary Seacole nos direcionou para busca descrita a seguir: pesquisamos  o conceito de empreendedorismo em dois livros, a seguir prosseguimos com uma pesquisa de artigos com as palavras-chaves “Empreendedorismo x Enfermagem”. Utilizamos o sistema de busca disponível na Bireme (Biblioteca Virtual em Saúde) no banco de dados LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde).
No total, foram pesquisados dez artigos, dos quais utilizamos nove para a realização do trabalho. As datas de publicação variam do ano de 2006 ao ano de 2012.
           A coleta de dados ocorreu no mês de abril de 2013, onde fizemos as buscas dos artigos e leitura dos mesmos. Finalizamos o artigo no mês de junho do mesmo ano.

Resultados

           De acordo com as práticas empreendedoras que foram realizadas por Mary Seacole, pode-se observar o quanto estas práticas trazem um diferencial para os profissionais.
          Nos dias de hoje, onde o mercado de trabalho encontra-se cada vez mais competitivo, e com isso dificulta muitas vezes a inserção dos profissionais, uma ótima alternativa é angariar ideias para abrir o próprio negócio, e até mesmo porque a Enfermagem é uma área de ampla atuação, e com isso tem proporcionado estas possibilidades.
A maioria dos estudos encontrados foram realizados com o intento de implementar nos curso de graduação de Enfermagem disciplinas que abordam este tema, uma vez que os profissionais de Enfermagem são dotados de competências que vão muito além da prática assistencial do cuidado.
Em um dos artigos pesquisados, o autor teve por objetivo apresentar a incubadora de aprendizagem, uma nova maneira de ensinar e aprender. E com isso é permitido compreender a realidade no qual o profissional está inserido, desenvolver competências, habilidades, adquirir novos conhecimentos, ampliar a criatividade e consequentemente aguçar o espírito empreendedor, incentivando a criação de oportunidades profissionais (6).
Quatro artigos (7), (8), (9), (10), fazem referência ao empreendedorismo social, sendo que apenas o artigo de número 9 retrata o empreendedorismo social fora do âmbito educacional. Empreendedorismo social é entendido como um paradigma emergente de um novo modelo de desenvolvimentos em redes e parcerias, com foco na dimensão humana, social e sustentável (7).
          Mesmo com esta necessidade de mercado, de profissionais Enfermeiros empreendedores, em um estudo realizado com concluintes de graduação de uma Universidade da cidade de São Paulo, demonstrou que esta tendência se dá em um número não significativo. Foi aplicado um Teste de Tendência Empreendedora Geral, contendo 54 questões, e foi aplicado a 41 participantes. Os resultados demonstraram que 14% apresentam cinco tendências empreendedoras e 12% quatro tendências empreendedoras; 80% apresentam fraca ou nenhuma tendência empreendedora; a grande maioria pretende encaminhar sua a profissão em atividades assistenciais, enquanto nenhum dos estudantes pretende atuar em atividades administrativas (11).
Outro estudo realizado, com o propósito de analisar a inserção do ensino empreendedor no Curso de Graduação em Enfermagem de uma Universidade do estado de Goiás, identificou que o percentual dos acadêmicos que tiveram o conhecimento em ser empreendedor é insuficiente, pois 51% do 1º e 2º período, 50% no 7º período e 38% no 8º período não obtiveram o conhecimento essencial para instituir em ser empreendedor (12).

Considerações Finais

Este estudo nos fez compreender a tamanha importância que tem o conhecimento na vida dos profissionais de Enfermagem, no sentido de busca de novos serviços e fazendo aflorar o espírito empreendedor que há dentro de cada um.
Mesmo que ainda haja uma grande deficiência da parte dos profissionais de Enfermagem em práticas empreendedoras, ou que as implementações de disciplinas concernentes ao assunto não seja efetiva ainda em algumas Universidades, pudemos observar o interesse social em que há na formação de um Enfermeiro empreendedor.
Isso porque as competências da área de Enfermagem proporcionam que esses profissionais vão além das práticas assistenciais, podendo empreender tanto no âmbito institucional como também criar suas próprias empresas de modo a favorecer melhorias práticas de cuidado, através de produtos e de serviços prestados.

Conclusão

De acordo com este estudo, pudemos observar o grande interesse em que há de se introduzir nas diretrizes curriculares disciplinas que visem à formação do Enfermeiro como um profissional empreendedor. Mesmo com este interesse e com o reconhecimento social tamanho em que isso favorece para as práticas do cuidado de Enfermagem, ainda há um déficit de graduandos e profissionais já formados com esta tendência empreendedora.


  Referências

1.     Melo EMF, Gomes JB. (RE) DESCOBRINDO MARY SEACOLE. Mato Grosso do Sul: 16º SENPE, 2011. Disponível em: http://www.abeneventos.com.br/16senpe/senpe-trabalhos/files/0084.pdf
2.     Angelo EB. Empreendedor corporativo: a nova postura de quem faz a diferença. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
3.     Santos AM, Santos AA. Empreendedorismo: Teoria e Prática. Santa Catarina: UNIARP, 2011.
4.     Kemmer LF, Silva MJP. A visibilidade do enfermeiro segundo a percepção de profissionais da comunicação. Rev Latino am-Enfermagem 2007; 15 (2): 191-8.
5.     Erdmann AL, et al. A visibilidade da profissão de enfermeiro: reconhecendo conquistas e lacunas. Rev Bras Enferm, Brasilia 2009 jul-ago; 62(4): 637-43.
6.     Cecagno D, et al. Incubadora de aprendizagem: uma nova forma de ensino na Enfermagem/Saúde. Rev Bras Enferm, 2006 nov-dez; 59(6): 808-11.
7.     Backes DS, et al. Promovendo a cidadania por meio do cuidado de enfermagem. Rev Bras Enferm, Brasília 2009 mai-jun; 62(3): 430-4.
8.     Backes DS, et al. Vivência Teórico-Prática Inovadora no Ensino de Enfermagem. Esc. Anna Nery (impr.) 2012 jul-set; 16(3): 597-602.
9.     Gonçalves LHT. A complexidade do cuidado na prática cotidiana da enfermagem gerontogeriátrica. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2010; 13(3): 507-518.
10. Backes DS, Erdmann AL. Formação do enfermeiro pelo olhar do empreendedorismo social. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2009 jun; 30(2): 242-8.
11. Roncon PF, Munhoz S. Estudantes de enfermagem têm perfil empreendedor?. Rev Bras Enferm, Brasília 2009 set-out; 62 (5): 695-700.
12. Sales OP, et al. O ensino do empreendedorismo no Curso de Graduação em Enfermagem na Universidade Paulista (UNIP) Goiânia-Goiás. Rev Inst Ciênc Saúde, 2008; 26(2): 167-72.





[1] Aluna da 5ª Série do Ciclo III do Curso de Enfermagem das Faculdades Oswaldo Cruz.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Atividades Complementares: Sugestões de Eventos e Cursos

ARETÊ SAÚDE HUMANA,  Atividade Complementar, Ano 3, Vol.3, Jul/Ago/Set 2015,   p.13


Faculdade de Enfermagem
Atividades Complementares - Sugestões de Eventos
Exposições:
São Paulo: Exposição Caminhos da Vacina

Exposição 03 a 20 de setembro - Parque do Ibirapuera • SP


Ainda hoje, doenças erradicadas nos países desenvolvidos continuam matando milhares de pessoas ao redor do mundo. Vidas que poderiam ser salvas se o acesso a vacinas fosse universal. Todos os anos, Médicos Sem Fronteiras vacina milhões de pessoas, muitas vezes em alguns dos lugares mais remotos do mundo.
De 3 a 20 de setembro, você terá a oportunidade de entender o minucioso planejamento necessário para levar vacinas a vilarejos de difícil acesso, os obstáculos a serem superados, a dificuldade para manter as vacinas refrigeradas em lugares sem energia elétrica e a importância do trabalho de conscientização da população local.
Além disso, queremos estimulá-lo a pensar nas milhares de pessoas que têm de enfrentar longas distâncias e falta de recursos para proteger seus filhos. Em meio a tantas dificuldades, milhares desistem da odisseia, e são as crianças as mais prejudicadas, submetidas à vulnerabilidade resultante da falta de vacinas.
O que parece simples para muitos de nós, a exposição Caminhos da Vacina tem o objetivo de mostrar que, em muitas ocasiões, pode não ser.
A mostra tem o apoio da FS e do atelier Marko Brajovic.



Frida Kahlo – Conexões entre mulheres surrealistas no México
Instituto Tomie Ohtake 27/10/2015 a 10/01/2016



CURSOS DE EXTENSÃO – NEXT – FACULDADES OSWALDO CRUZ
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